O senador ordenou ao cozinheiro que
comesse todo o prato. O cozinheiro que tremia tanto, deixou-o cair no
chão. Mas com o pouco que já tinha comido, a sua cara já estava verde. No
entanto, o senador pediu para que apanhasse o resto e comesse. "Não te
escapas!".
Estavam todos
consternados!
Valério começou a
chorar e a dizer que era um monstro, que merecia a morte. Não tinha
coragem para comer mais. Que tinha sido obrigado contra a sua vontade.
Cómodo e Camilo ainda
perguntaram quem tinha dado a ordem. Mas o senador, desviou a conversa e
ordenou que os outros escravos o levassem para um quarto e o trancassem.
O senador não quis
que os filhos soubessem a verdade e respondeu-lhes que Apolónio tinha
descoberto tudo, mas tinha sido por questões politicas.
Ainda tentaram dizer
que quem ia comer era Paulina e não ele, mas o senador conseguiu desviar a
conversa e disse, a Apolónio, que a partir daquele dia era um homem livre, já
não era escravo. Mas se quisesse podia continuar naquela casa como liberto.
Para Apolónio era uma
honra e principalmente porque a partir daquele momento teria o nome de família
Flávio.
Entretanto, Valério
estremecia no quarto porque o patrão estava lá com o Apolónio, só podia ser
para lhe arrancar a confissão completa antes de o mandar matar.
Mas não precisou de
relatar o que se tinha passado. Apolónio só queria saber onde estava o veneno.
Valério levou-os a
uma dispensa onde se guardava a fruta e mostrou-lhes duas romãs que tinha
esvaziado por dentro. Numa delas ocultava o pequeno frasco de vidro azulado
ainda com algumas gotas de veneno. Noutra guardava uma bolsa com moedas que
Sílvia lhe tinha dado para pagar o serviço. Entregou tudo ao patrão.O senador
sabia que Sílvia, tal como o cozinheiro se desculpou, tinha artes de vergar
qualquer homem, quanto mais um escravo...
O senador deu moedas
ao cozinheiro e disse para que Apolónio o levasse para longe e o deixasse
fugir.
Quando o senador
voltou para a sala, deparou-se com Sílvia, que vinha buscar os filhos para irem
viver com ela.
Cómodo e Camilo não
gostavam de viver com a mãe, que consideravam que era um inferno.
O Senador era chefe
de família podia tomar as decisões que quisesse sobre os seus descendentes.
Ainda lhes perguntou o que queriam, mas como estes não responderam, o senador
disse a Sílvia que ficava com os filhos e com o frasco de veneno que lhe podia
ainda ser útil.
Sílvia que não sabia
da descoberta, perdeu a cor, abriu e fechou a boca várias vezes, deu a volta e
saiu de rompante, deixando atrás de si o cheiro acre de raiva.
Os dois rapazes
disseram ao pai que não queriam ir viver com a mãe. O senador escondeu o frasco e perguntou aos filhos, se João se safava a andar a cavalo. Os dois responderam que sim.
.Os escravos libertos
tomavam o nome da família que os libertava.
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